domingo, 19 de agosto de 2012

Valentes!



Sábado de manhã, nos encontramos em frente à escola para irmos ao Shopping Butantã, assistir o filme “Valente”, nova animação da Pixar. Vinte meninas e a professora rapidinho estavam a caminho do terceiro passeio com o grupo Atitude Feminista.

Passear é um dos momentos mais esperados do projeto que desenvolvemos com as alunas. É o ponto máximo do entrosamento, da leveza e da aprendizagem. Todas se envolvem desde o caminho de ida até a volta, contando histórias, dividindo ansiedades, compartilhando expectativas. Afinal, muitas de nós nunca tínhamos ido ao cinema ainda... Entrar na sala escura, com dezenas de poltronas enfileiradas, uma tela enoooorme numa sala bem alta... Era como se fôssemos transportadas para outro mundo. A alegria de todas era contagiante.

Chegamos cedo, tempo suficiente para dar uma voltinha, bater papo, comer alguma coisa. No horário marcado, 12:10h, todas estavam prontas para a entrada na sala de cinema.


A jovem princesa Merida foi criada pela mãe para ser a sucessora perfeita ao cargo de rainha, seguindo a etiqueta e os costumes do reino. 

Mas a garota dos cabelos rebeldes não tem a menor vocação para esta vida traçada, preferindo cavalgar pelas planícies selvagens da Escócia e praticar o seu esporte favorito, o tiro ao arco. Quando uma competição é organizada contra a sua vontade, para escolher seu futuro marido, Merida decide recorrer à ajuda de uma bruxa, a quem pede que sua mãe mude. Mas quando o feitiço surte efeito, a transformação da rainha não é exatamente o que Merida imaginava... Agora caberá à jovem ajudar a sua mãe e impedir que o reino entre em guerra com os povos vizinhos.
Fonte:
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-135528/ 

Quando o filme terminou, saímos empolgadas, comentando tudo e mais um pouco do filme. Os cabelos vermelhos como fogo de Mérida, a coragem dela ao enfrentar obstáculos e sua habilidade com o arco e a flecha. Todas nós somos valentes.


domingo, 5 de agosto de 2012




Waris Dirie (Soraya Omar-Scego / Liya Kebede) nasceu em uma família de criadores de gado nômades, na Somália. Aos 13 anos, para fugir de um casamento arranjado, ela atravessou o deserto por dias até chegar em Mogadishu, capital do país. Seus parentes a enviaram para Londres, onde trabalhou como empregada na embaixada da Somália. Ela passa toda a adolescência sem ser alfabetizada.
Quando vê a chance de retornar ao país, ela descobre que é ilegal da Somália e não tem mais para onde ir. Com a ajuda de Marylin (Sally Hawkins), uma descontraída vendedora, Waris consegue um abrigo. Ela passa a trabalhar em um restaurante fast food, onde é descoberta pelo famoso fotógrafo Terry Donaldson (Timothy Spall). Através da ambiciosa Lucinda (Juliet Stevenson), sua agente, Waris torna-se modelo. Só que, apesar da vida de sucesso, ela ainda sofre com as lembranças de um segredo de infância.

Fonte:
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-138826/


Hoje assistimos ao filme “Flor do Deserto” e foi muito legal! Comendo pipoca e tomando guaraná, assistimos a história de uma grande mulher batalhadora que venceu imensos obstáculos para finalmente ter ser lugar conquistado – sem desistir de lutar.



Waris Dirie, a personagem principal do texto, luta bravamente contra uma sociedade machista e violenta. Do outro lado do mundo, conectamos nossa luta diária, aqui no Jardim Jaqueline, com as tantas mulheres que sofrem violência física e psicológica pelo mundo.

ASSISTA O FILME CLICANDO NO LINK ABAIXO:




Flores do Deserto



Terminamos o primeiro semestre de projeto Atitude Feminista. Em apenas alguns meses, podemos dizer que somos pessoas diferentes. Agregamos conhecimentos, conhecemos intimamente os fios que conduzem nossas identidades. Histórias doloridas foram compartilhadas – abusos, violências, discriminação, coerções das mais cotidianas emergiram num reconhecimento de luta. Somos meninas-mulheres-human@s que vivem e sobrevivem a dor.


Somos também andarilhas pelas estradas da descoberta. Agora sei que há outra igual a mim, agora sei que não estou sozinha. A semente da sisterhood começa a brotar. Meninas da E.M.E.F. Antenor Nascentes conversam com as outras, do outro lado da cidade, lá na E.M.E.F. Vianna Moog.


Quando eu crescer, quero ser o que eu quiser. É o que escuto entre os sorrisos carinhosos da aluna. Por vezes, certa angústia me desestimula; eu gostaria de fazer mais, de aprender mais, de ensinar mais, de nos tornarmos mais. Então recebo essas respostas sinceras, uma palavra amiga, uma criança sorrindo. O resultado concreto que nos dá um pontapé certeiro – é hora de mudar.






terça-feira, 10 de julho de 2012

Gênero, sexualidade e educação

Para quem se interessa pelo tema educação e gênero, relações sociais na escola, feminismo, sexualidade e práticas pedagógicas, um excelente livro é, com certeza, “Gênero, Sexualidade e Educação”, da Professora Guacira Lopes, titular aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


Este livro tem o caráter de introdução aos estudos de gênero. A obra apresenta conceitos e teorias recentes no campo dos estudos feministas e suas relações com a educação, estuda as relações do gênero com a sexualidade, as redes do poder, raça, classe, a busca de diferenciação e identificação pessoal e suas implicações com as práticas educativas atuais.

Fonte:
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=91937&sid=9121216171461220268197453

Conhecimento, picnic e risadas!



De manhãzinha, acordamos rápido para nos encontrarmos em frente a escola para mais um passeio! O rumo era certeiro: campus Cidade Universitária, da Universidade de São Paulo. Desde o início, na espera da chegada, conversando sobre as ansiedades – apesar de morarmos perto das faculdades, nenhuma das meninas havia entrado lá.

Tudo ao nosso redor era observado atentamente, pois era nas conversas desinteressadas, no face a face de alunas e alunas e professoras que a interação educativa acontecia. Criamos laços para além da tarefa obrigatória.




 A primeira parada foi na Biblioteca da Faculdade de Educação. Todas nós ficamos impressionadas com a quantidade de estúdios@s pesquisam, debatem e refletem sobre a educação. No mundo todo.






Estendemos um grande tecido na grama e, descalças, comemos bolo, bolachas, sanduíches, sucos e tudo o que preparamos com carinho. Foi um lanche delicioso e alegre...





 
Na reta final de nosso passeio, fomos ao Paço das Artes da USP, onde pudemos observar um acervo bem diferente do que estávamos acostumadas. Cada obra de arte exposta provocava a dúvida, a curiosidade, o espanto. Uma gentil monitora deu informações valiosas para o entendimento, mas foi a imaginação das pequenas que surpreendeu. Estávamos orgulhosas de estar ali.


Foi um dia realmente inesquecível.

 

Expandir os horizontes!


 
Em abril desse ano, as integrantes do grupo Atitude Feminista foram até as salas de aula dos sétimos anos para convidá-las a participarem do projeto. Muitas meninas se interessaram e, então, montamos mais um grupo de estudos, funcionando em contra-turno, todas as terças-feiras, das 15h às 16:30h.

Em nossa primeira reunião, escrevemos perguntas íntimas, e por isso mesmo, intimidadoras, em papéis anônimos e acabamos debatendo diversos assuntos vistos como tabus como violência, sexualidade e opressão. Numa conversa franca e responsável, debatemos temas geralmente silenciados que impedem o crescimento saudável do educando. As meninas que estavam pelos cantos, cochichando na surdina, saíram do silêncio e abriram as portas da honestidade – e  muita alegria.


Vivemos em uma sociedade que pouco conversa com as crianças e jovens. Muitos deles e delas chegam a escola cheios de dúvidas, questionamentos, curiosidades que, dentro de casa, ou não podem conversar ou sentem vergonha de perguntar para a mãe ou qualquer outro membro da família. Acabam aprendendo sobre sexualidade em programas de baixo nível, como o Pânico – onde sexo é tratado como um mero roçar de corpos. Além do mais, chegam cheios de preconceitos e discriminações cruéis, reflexos de um lar e uma sociedade racista, machista e homofóbica. 

Noutro encontro, investigamos as diversas mulheres escritoras, deslumbradas com as palavras gritadas em versos fortes. Artistas plástica, musicistas, cientistas, mulheres orgulhosas de sua luta diária.


"Ultrapassar a desigualdade de gênero pressupõe, assim, compreender o caráter social de sua produção, a maneira como nossa sociedade opõe, hierarquiza e naturaliza as diferenças entre os sexos, reduzindo-as às características físicas tidas como naturais e, consequentemente, imutáveis. Implica perceber que esse modo único e difundido de compreensão é reforçado pelas explicações oriundas das ciências biológicas e também pelas instituições sociais, como a família e a escola, que omitem o processo de construção dessas preferências, sempre passíveis de transformações."
(Meninas e meninos na Educação Infantil: uma questão de gênero e poder – Claudia Vianna; Daniela Finco)
Fonte:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332009000200010&lng=pt&nrm=iso

domingo, 3 de junho de 2012

Uma Outra Imagem


            O tema de hoje foi a imagem da mulher nas mídias. Armadas de muitas revistas direcionadas para o público feminino, espalhamos as imagens pelo chão, todas elas formando um painel de diversos rostos, corpos e dicas para emagrecer. São essas revistas que formam o imaginário social adolescente e que dita regras, ideais, comportamentos e padrões. Não nos encaixamos em nenhum deles.


            Meninas e mulheres são bombardeadas por receitas de bolos, de emagrecer, ser mãe, uma boa esposa, de nos mantermos bem longe dos espaços de poder. Uma mídia capitalista voltada para o consumo de massas, onde os corpos femininos são dilacerados e vendidos juntos com cerveja, fraldas, cosméticos. “Nós somos invisíveis na sociedade”, diz Luiza Erundina. É verdade. Nossas subjetividades são apagadas para dar lugar a uma autoimagem negativa e destrutiva.




            Assistimos o vídeo “O Controle Social da Imagem da Mulher na Mídia”, produzido em março de 2009 pela Articulação Mulher e Mídia, com o apoio da Secretaria Especial de Política para as Mulheres e debatemos sobre como nossos corpos são usados pelas grandes mídias e de que maneira isso afeta nosso lugar na sociedade e a relação que temos com nós mesmas e com as outras mulheres.


           Contamos com a presença da Tamy, estudante de História na USP, que nos falou sobre como formarmos um grêmio estudantil no Vianna. Ficamos empolgadas com a ideia e vamos conversar com os gestores da escola para agilizar esse projeto tão importante para o protagonismo e o pleno desenvolvimento infantil. :)


Assista o vídeo!
http://vimeo.com/13125905



sábado, 26 de maio de 2012

Cinderela Mudou de Ideia



Com humor, delicadeza e profundidade, “A Cinderela Mudou de Ideia” desconstroi o mito de que, para ser feliz, uma mulher precisa esperar por um príncipe que a salve.       

E viveram felizes para sempre? Uma sentença incansavelmente ouvida por todas as mulheres durante toda a vida, desde a infância, em filmes, novelas, livros... Uma sentença que pressupõe (ou determina) que todas têm o mesmo sonho e que, sem um príncipe que as salve, não há como ser feliz.

Nossa Cinderela se vê sufocada dentro de um sonho que ela não planejou, mas ao qual se submeteu por acreditar que seria o melhor para sua vida, afinal, o que mais uma mulher pode querer? Mas, enfim surge o dia em que ela conhece a fada do Chega! e descobre que uma mulher pode e quer muito mais.

Ela, então, decide descalçar os sapatinhos de cristal, descer do salto alto e partir em uma agradável viagem na qual descobre um mundo muito maior que a faz sentir completa pela primeira vez em sua vida.

http://www.editoraplaneta.com.br/descripcion_libro/6212

Desdobrável. Eu sou.

 

O encontro é mais cedo, bem mais cedo porque a aprendizagem é extensa. Logo de manhã cedinho, nos encontramos em frente a escola, hoje é dia de atravessar a cidade rumo ao Museu de Língua Portuguesa e Pinacoteca do Estado de São Paulo. As alunas estão na rua, na descoberta de um território estranho. Tudo é novidade, deslumbramento, fome avassaladora pelo conhecimento.


No caminho, uma conversa ansiosa, perguntas intermináveis e olhos aflitos. As meninas não se continham na imensidão da terra da garoa. O dia estava nublado. Passamos pela Estação da Luz, tiramos fotos e reparamos ao nosso redor. Um lanche antes do passeio acalma a fome. Passamos primeiro pela Pinacoteca e, livres, circulamos pelos corredores, observando detalhes dos quadros e esculturas e toda arte que respirava no ambiente. Minhas alunas tocavam, testavam a textura, respiravam os pensamentos, movimentavam-se soltas, absortas num mundo novo. 


No Museu de Língua Portuguesa, nem consigo descrever o que foi vivenciar a descoberta do mundo das palavras com aquelas pequenas. Os sentimentos transformados em sons e desenhos carinhosos, brilhando no telhado da sala. Abraços sinceros, daquelas que compartilharam o elo da existência humana – a linguagem. Gosto muito de todas vocês.




Ellen Oléria!



Ellen Gomes de Oléria, mais conhecida como Ellen Oléria (Brasília, DF, 12 de novembro de 1982) é uma cantora, música, compositora e atriz brasiliense.

Nascida em Brasília, foi criada no Chaparral, região entre Taguatinga e Ceilândia. Inicialmente interessada mais em instrumentos, começou cantando em coros de igreja, por influência dos pais. Iniciou a carreira de cantora aos 16 anos. Como atriz, formou-se em artes cênicas pela UnB, (2002-2007).

Com uma voz marcante, ela mistura bossa nova, funk, hip-hop, MPB, samba, soul, e poesia nas letras e melodias próprias. Além de abrir e participar dos shows de vários artistas como Lenine, Paulinho Moska, Chico César, Ney Matogrosso, Margareth Menezes, Milton Nascimento, Sandra de Sá (com quem dividiu o palco nas comemorações do aniversário de 50 anos de Brasília), participou também do DVD comemorativo de 25 anos de carreira do rapper GOG, Cartão Postal Bomba!, além de também participar no álbum Aviso às Gerações.

Ouça as músicas dela!
http://www.myspace.com/ellenoleria


 Eu não compactuo com esse jogo sujo,
Grito mais alto ainda e denuncio esse mundo imundo!
A minha voz transcende a minha envergadura.
Conhece a carne fraca? Eu sou do tipo carne dura.

É dia de trabalhar!



Chegamos de todos os cantos, a pé, de braços dados pelo campo de futebol improvisado, de terra batida, pela lateral da escola. O dia é importante. É dia de nos reunirmos para debater um tema muito importante: a mulher no mercado de trabalho.

O movimento feminista trouxe muitos avanços para a emancipação feminina, principalmente por sua reivindicação ao direito de exercer funções públicas, além da esfera privada ao qual estavam relegadas. A independência financeira é o pilar da liberdade construída nesses anos e anos de luta. Para nós, meninas-futuras-trabalhadoras, é muito importante sabermos qual o é o panorama social trabalhista e as condições de inserção da mulher no mercado de trabalho.

 

Sobre o vídeo “Mulheres Invisíveis” que assistimos hoje, debatemos sobre a desvalorização da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho e suas causas. Mulheres que desempenham um papel importantíssimo na construção da sociedade mas que ganham salário inferiores, acumulam dupla jornada de trabalho, recebem menos incentivos – sintoma paradoxal, já que as estatísticas demonstram uma grande profissionalização.



Em “Vida Maria”, animação brasileira produzida por Márcio Ramos, o universo feminino é mostrado em suas peculiaridades, num singelo ciclo de existência. É a aridez do sertão, em sua perpetuação da dor e o contraste da imensidão do céu. O pedido de benção e a proibição de desenhar nomes... O debate posterior levantou questões interessantes: que destino é esse imposto a todas nós, mulheres? Que sistema desigual é esse que nos relega a uma sina tão desigual?

Com licença poética
Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.  Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Brave!

Fiquem ligadas! Em breve estreia a animação "Valente"!

Sinopse: A jovem princesa Merida não quer saber da vida de realeza e não gosta nem de pensar em ser apenas mais uma esposa para o filho de algum lorde. Indo contra as tradições e os costumes, ela desafia seus pais ao perseguir o sonho de se tornar uma arqueira e, com isso, coloca em risco o reinado de seu pai, o Rei Fergus.



Saciadas de risadas!



            Todas nós estávamos ansiosas por hoje. Nosso encontro foi no Balneário, espaço recreativo próximo a escola. É um lugar agradável, com muito verde e um clima agradável de descontração. Acordamos mais cedo, pães assando, bolos perfumados, sucos geladinhos, pudim caramelizado para revitalizarmos nossos ideias. De dentro da cozinha, tomamos posse das saborosas sobremesas. Um banquete estava a nossa espera.

            Fizemos a leitura de um texto que explica o que são os danos que causam doenças como bulimia e anorexia. Os relatos foram tensos e as fotos chocantes. Parecia impossível observar como tantas mulheres sofriam vítimas de um padrão de beleza opressor e assassino. Ficou claro nosso desconforto, a relutância em admitir tamanha atrocidade para com o corpo feminino – a busca inalcançável pelo o que não somos. E como isso nos enfraquece, nos engessa para vivermos uma existência mais leve e saudável. Ficamos doentes para ficarmos lindas, como um enfeite, um objeto sem vida? E será que admitiremos isso por mais tempo? Será em breve nossa revolução interior?


            Comemos toda a comida e nos lambuzamos com o caramelo do pudim de leite, feito com tanto carinho. Sanduíches para matar a fome persistente, já era quase meio dia. Combinamos fazer um passeio no próximo sábado. Temos novas integrantes no grupo e o passeio será uma boa oportunidade para estreitar os laços que nos une.

Fonte:
http://sindromedeestocolmo.com/category/ana-e-mia-anorexia-bulimia/page/3/

Linguagem e Feminismo



            Tivemos duas semanas de intervalo entre as reuniões porque a escola esteve fechada para a Jornada Pedagógica, onde somente os professores e coordenadores participam. O dia foi conturbado e muitas alunas não puderam comparecer, nossa reunião ficou menor, porém não nosso entusiasmo. Em verdade, a conversa iniciou-se fraca e desanimada; quando o grupo é maior sentimos uma energia mais mobilizadora – precisamos retomar com mais força nossa luta.

            O primeiro tópico foi o uso do genérico masculino como o eleito pela norma culta da linguagem – e também dominante – como ferramenta de exclusão da fala feminina principalmente pelos discursos de poder. Ao invisibilizar o gênero feminino, demarcando bem as diferenças nos nomes atribuídos as coisas, apagamos a fala da mulher e suas reivindicações da fala universal.

            Estudamos também como o direito de decidir e, portanto de falar, foi-nos negado durante séculos quando éramos proibidas de nos manifestar publicamente. Além do mais, debatemos as medidas possíveis e as que ainda não foram inventadas para mudarmos isso, afinal, a linguagem, tal qual um líquido, irá se adaptar as mudanças infladas pelo debate.

            Ao universalizarmos nossa dor, poderemos olhar mais atentamente para o que nos constitui como indivíduos. Cada uma de nós multiplicou as possibilidades de vivências no processo de reconstrução de uma linguagem que consiga abarcar o sentido mais amplo de igualdade. Os significados são tantos; precisamos decifrá-los.
 
"Concretizamos o sexismo em dois efeitos fundamentais: o silêncio e o desprezo. Por um lado, o ocultamento das mulheres, nosso silêncio, nossa não existência. Estávamos escondidas detrás dos falsos genéricos: esse masculino que havíamos aprendido na escola, “abarca os dois gêneros”.
Tereza Meana Suárez

Fonte:
http://mulheresrebeldes.blogspot.com.br/2009/04/sexismo-na-linguagem-algumas-notas.html

Mas, afinal, o que é feminismo?


Os movimentos feministas são, sobretudo, movimentos políticos cuja meta é conquistar a igualdade de direitos entre homens e mulheres, isto é, garantir a participação da mulher na sociedade de forma equivalente à dos homens. Além disso, os movimentos feministas são movimentos intelectuais e teóricos que procuram desnaturalizar a idéia de que há uma diferença entre os gêneros. No que se refere aos seus direitos, não deve haver diferenciação entre os sexos.

Fonte:
http://www.infoescola.com/sociologia/feminismo/

Transformação de princesas em guerreiras

            O dia estava lindo, um sol radiante e uma temperatura agradável convidaram-nos ao nosso segundo encontro. Meninas de cabelos soltos andavam leves pelas calçadas tortuosas rumo a um espaço harmonioso, perto da escola. Sentadas em círculo, retomamos o que foi dito na última reunião, questionamos comentários feitos, as histórias trocadas entre sorrisos e lágrimas, o que foi observado ao seu redor durante os sete dias que nos separaram do encontro anterior. Nossas histórias se transformaram porque foram retomadas, recontadas.

            Abrimos os debates após a leitura crítica do texto “A função perversa dos contos de fadas” de Regina Navarro Lins, sobre a construção simbólica de ideais ditos femininos abarcados nas histórias de contos de fadas – esses relatos de príncipes corajosos e princesas submissas que permeiam o imaginário feminino desde a mais tenra infância. Várias dúvidas surgiram após um debate caloroso, pois negociar significados é tarefa dolorosa, ninguém quer abrir mão do que valorizou toda uma vida. Nossos ideais são pérolas preciosas e é necessária muita coragem para desfazer-se das que necessitam ficar para trás.

            Impossível mensurar pedagogicamente as sementes que plantamos naquele instante, pois as vivências são múltiplas e os resultados inesperados. Mas acreditamos que o processo educativo se fez nas palavras amigas, no compartilhamento das sujeitas, na soma de suas perspectivas.

            Num processo contínuo de fazer-se, nós, as mulheres, reafirmamos ideais mais nossos, únicos e individuais. Constituimo-nos de roupagens mais maleáveis, não porque estamos à espera de um príncipe encantado messiânico, mas porque estamos ávidas por uma história própria, constituída em escolhas livres.





A função perversa dos contos de fadas
Regina Navarro Lins

Não tenho dúvidas de que os contos de fadas são prejudiciais às crianças. Mas será que pais e professores se dão conta disso? Será que percebem quais tipos de ideias estão passando para as crianças, subliminarmente, por meio desses contos? Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida. Modelos de heroínas românticas, que, ao contrário do que se poderia imaginar, no que diz respeito ao amor, ainda são parecidas com muitas mulheres de hoje. Mas isso não é à toa.

Desde a Antiguidade as mulheres detinham um saber próprio, transmitido de geração em geração: faziam partos, cultivavam ervas medicinais, curavam doentes. Na Idade Média seus conhecimentos se aprofundaram e elas se tornaram uma ameaça. Não só ao poder médico que surgia, como também do ponto de vista político, por participar das revoltas camponesas. Com a “caça as bruxas”, no século XVI, 85% dos acusados de feitiçaria eram mulheres. Milhares delas foram executadas, na maior parte das vezes queimadas vivas.

Segundo os manuais usados pelos inquisidores, é pela sexualidade que o demônio se apropria do corpo e da alma dos homens, dominando-os através do controle e da manipulação dos atos sexuais. Não foi assim que Adão pecou? Como as mulheres estão essencialmente ligadas à sexualidade, elas se tornam agentes do demônio (as feiticeiras). Rose Marie Muraro na introdução do livro "O martelo das feiticeiras", escrito por dois inquisidores em 1484, chama a atenção para um detalhe importante: “eram consideradas feiticeiras as mulheres orgásticas e ambiciosas, as que ainda não tinham a sexualidade normatizada e procuravam se impor no domínio público exclusivo aos homens”.

A partir daí podemos entender melhor como as mulheres e as personagens femininas das histórias infantis foram se tornando passivas, submissas, dóceis e assexuadas. Em "Cinderela", "Branca de Neve" e "A Bela Adormecida" existem algumas mulheres que até fazem mágicas, mas a mensagem central não é a do poder feminino, e sim da impotência da mulher. O homem, ao contrário, é poderoso. Não só dirige todo o reino, como também tem o poder mágico de despertar a heroína do sono profundo com um simples beijo.

Além da incompetência de lutar por si própria, comum às principais heroínas, Cinderela é enaltecida por ser explorada dia e noite, trabalhando sem reclamar e sem se rebelar contra as injustiças. Padece e chora em silêncio. Seu comportamento sofrido, parte do treinamento para se tornar a esposa submissa ideal, é recompensado: seu pé cabe direitinho no sapato e ela se casa com o príncipe.

No entanto, o mais grave nos contos de fadas é a ideia de que as mulheres só podem ser salvas da miséria ou melhorar de vida por meio da relação com um homem. As meninas vão aprendendo, então, a ter fantasias de salvamento, em vez de desenvolver suas próprias capacidades e talentos. As heroínas das histórias estão sempre ansiosas em fazer o máximo para agradar ao homem, ser como ele deseja, e acreditam que adequar seu corpo à expectativa dele é fundamental. Não se esqueça de que Cinderela e todas as moças do reino tentam se ajustar ao sapatinho encontrado pelo príncipe — a madrasta orienta as filhas a cortar um pedaço do pé para corresponder ao que o homem espera delas.

A historiadora americana Riane Eisler afirma que “essas histórias incutem nas mentes das meninas um roteiro feminino no qual lhes ensinam a ver seus corpos como bens de comércio para conseguirem pegar não um sujeito comum, mas um príncipe, status e riqueza. Em última análise a mensagem dos ‘inocentes’ contos de fadas, como Cinderela, é que não somente as prostitutas, mas todas as mulheres devem negociar seu corpo com homens de muitos recursos”.

Em vez de desenvolver suas próprias potencialidades e buscar relações onde haja uma troca afetiva e sexual, em nível de igualdade com o parceiro, muitas mulheres se limitam a continuar fazendo tudo para encontrar o príncipe encantado. Ao invés de desenvolver suas próprias capacidades, meninas aprendem a esperar pelo “homem salvador".

Primeiras impressões, abraços queridos!


É com imenso prazer que iniciamos mais um grupo de estudos feministas dentro da escola pública brasileira. Carregada de boas lembranças, o projeto estende seus braços para a Zona Oeste da cidade de São Paulo, inundando a pequena escola localizada no coração do Jardim Jaqueline com debates questionamentos, reflexões, dúvidas e alívios.

            O dia é sugestivo e enche nossos corações de esperança: iniciamos nossa luta num dia muito especial para a luta feminina, 8 de março de 2012. Muitos avanços, muitas conquistas e sem dúvida, o alargamentos de olhos cansados de aprisionamentos. A luta feroz abre caminho para que olhos, ainda bem jovens, também possam compartilhar da luta secular. O caminho é menos árduo, porém não menos longo: há muitos direitos a serem conquistados, muitas violências a serem abolidas, muitos sorrisos a serem conquistados. A luta ainda é urgente.

            As meninas do 8º ano do Ensino Fundamental II da E.M.E.F. Vianna Moog se reúnem hoje para celebrar a esperança na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A apresentação foi breve, entrecortada por timidez, insegurança no espaço novo – até pouco tempo atrás não tínhamos um espaço nosso, confiável, seguro e, principalmente, aberto para o desaguamento de nossas ideias retumbantes e para a transcendência de nossos medos e dificuldades.

            O espaço é nosso e seguro. E alargaremos o horizonte da igualdade, fortalecendo os laços de uma verdadeira democracia dentro do espaço de saber por excelência: a escola. Por muito tempo nos foi negado o acesso ao saber. É chegada a hora de o conquistarmos verdadeiramente. Nossa reunião será a mais poderosa ferramenta para a construção de uma escola além de paisagens cercadas. Nossa única cerca será o abraço amigo que daremos umas nas outras.

Leitura de apoio:
http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2011/03/meu-feminismo-nao-e-pra-mim.html