terça-feira, 10 de julho de 2012

Gênero, sexualidade e educação

Para quem se interessa pelo tema educação e gênero, relações sociais na escola, feminismo, sexualidade e práticas pedagógicas, um excelente livro é, com certeza, “Gênero, Sexualidade e Educação”, da Professora Guacira Lopes, titular aposentada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


Este livro tem o caráter de introdução aos estudos de gênero. A obra apresenta conceitos e teorias recentes no campo dos estudos feministas e suas relações com a educação, estuda as relações do gênero com a sexualidade, as redes do poder, raça, classe, a busca de diferenciação e identificação pessoal e suas implicações com as práticas educativas atuais.

Fonte:
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=91937&sid=9121216171461220268197453

Conhecimento, picnic e risadas!



De manhãzinha, acordamos rápido para nos encontrarmos em frente a escola para mais um passeio! O rumo era certeiro: campus Cidade Universitária, da Universidade de São Paulo. Desde o início, na espera da chegada, conversando sobre as ansiedades – apesar de morarmos perto das faculdades, nenhuma das meninas havia entrado lá.

Tudo ao nosso redor era observado atentamente, pois era nas conversas desinteressadas, no face a face de alunas e alunas e professoras que a interação educativa acontecia. Criamos laços para além da tarefa obrigatória.




 A primeira parada foi na Biblioteca da Faculdade de Educação. Todas nós ficamos impressionadas com a quantidade de estúdios@s pesquisam, debatem e refletem sobre a educação. No mundo todo.






Estendemos um grande tecido na grama e, descalças, comemos bolo, bolachas, sanduíches, sucos e tudo o que preparamos com carinho. Foi um lanche delicioso e alegre...





 
Na reta final de nosso passeio, fomos ao Paço das Artes da USP, onde pudemos observar um acervo bem diferente do que estávamos acostumadas. Cada obra de arte exposta provocava a dúvida, a curiosidade, o espanto. Uma gentil monitora deu informações valiosas para o entendimento, mas foi a imaginação das pequenas que surpreendeu. Estávamos orgulhosas de estar ali.


Foi um dia realmente inesquecível.

 

Expandir os horizontes!


 
Em abril desse ano, as integrantes do grupo Atitude Feminista foram até as salas de aula dos sétimos anos para convidá-las a participarem do projeto. Muitas meninas se interessaram e, então, montamos mais um grupo de estudos, funcionando em contra-turno, todas as terças-feiras, das 15h às 16:30h.

Em nossa primeira reunião, escrevemos perguntas íntimas, e por isso mesmo, intimidadoras, em papéis anônimos e acabamos debatendo diversos assuntos vistos como tabus como violência, sexualidade e opressão. Numa conversa franca e responsável, debatemos temas geralmente silenciados que impedem o crescimento saudável do educando. As meninas que estavam pelos cantos, cochichando na surdina, saíram do silêncio e abriram as portas da honestidade – e  muita alegria.


Vivemos em uma sociedade que pouco conversa com as crianças e jovens. Muitos deles e delas chegam a escola cheios de dúvidas, questionamentos, curiosidades que, dentro de casa, ou não podem conversar ou sentem vergonha de perguntar para a mãe ou qualquer outro membro da família. Acabam aprendendo sobre sexualidade em programas de baixo nível, como o Pânico – onde sexo é tratado como um mero roçar de corpos. Além do mais, chegam cheios de preconceitos e discriminações cruéis, reflexos de um lar e uma sociedade racista, machista e homofóbica. 

Noutro encontro, investigamos as diversas mulheres escritoras, deslumbradas com as palavras gritadas em versos fortes. Artistas plástica, musicistas, cientistas, mulheres orgulhosas de sua luta diária.


"Ultrapassar a desigualdade de gênero pressupõe, assim, compreender o caráter social de sua produção, a maneira como nossa sociedade opõe, hierarquiza e naturaliza as diferenças entre os sexos, reduzindo-as às características físicas tidas como naturais e, consequentemente, imutáveis. Implica perceber que esse modo único e difundido de compreensão é reforçado pelas explicações oriundas das ciências biológicas e também pelas instituições sociais, como a família e a escola, que omitem o processo de construção dessas preferências, sempre passíveis de transformações."
(Meninas e meninos na Educação Infantil: uma questão de gênero e poder – Claudia Vianna; Daniela Finco)
Fonte:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332009000200010&lng=pt&nrm=iso