Em abril desse ano, as
integrantes do grupo Atitude Feminista foram até as salas de aula dos sétimos
anos para convidá-las a participarem do projeto. Muitas meninas se interessaram
e, então, montamos mais um grupo de estudos, funcionando em contra-turno, todas
as terças-feiras, das 15h às 16:30h.
Em nossa primeira reunião,
escrevemos perguntas íntimas, e por isso mesmo, intimidadoras, em papéis anônimos
e acabamos debatendo diversos assuntos vistos como tabus como violência,
sexualidade e opressão. Numa conversa franca e responsável, debatemos temas
geralmente silenciados que impedem o crescimento saudável do educando. As
meninas que estavam pelos cantos, cochichando na surdina, saíram do silêncio e
abriram as portas da honestidade – e
muita alegria.
Vivemos em uma
sociedade que pouco conversa com as crianças e jovens. Muitos deles e delas
chegam a escola cheios de dúvidas, questionamentos, curiosidades que, dentro de
casa, ou não podem conversar ou sentem vergonha de perguntar para a mãe ou
qualquer outro membro da família. Acabam aprendendo sobre sexualidade em
programas de baixo nível, como o Pânico – onde sexo é tratado como um mero
roçar de corpos. Além do mais, chegam cheios de preconceitos e discriminações
cruéis, reflexos de um lar e uma sociedade racista, machista e homofóbica.
Noutro encontro, investigamos as
diversas mulheres escritoras, deslumbradas com as palavras gritadas em versos
fortes. Artistas plástica, musicistas, cientistas, mulheres orgulhosas de sua
luta diária.
"Ultrapassar a desigualdade
de gênero pressupõe, assim, compreender o caráter social de sua produção, a
maneira como nossa sociedade opõe, hierarquiza e naturaliza as diferenças entre
os sexos, reduzindo-as às características físicas tidas como naturais e, consequentemente,
imutáveis. Implica perceber que esse modo único e difundido de compreensão é
reforçado pelas explicações oriundas das ciências biológicas e também pelas instituições
sociais, como a família e a escola, que omitem o processo de construção dessas
preferências, sempre passíveis de transformações."
(Meninas e meninos na Educação
Infantil: uma questão de gênero e poder – Claudia Vianna; Daniela Finco)
Fonte:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332009000200010&lng=pt&nrm=iso